A Glória do Céu Gira em Torno da Cruz.



Por Horatius Bonar

Aglória do céu gira em torno da cruz, e cada objeto na cidade celestial, com o qual os olhos se iluminam, lembrar-nos-á da cruz e nos levará de volta ao Gólgota. Jamais devemos ir além da cruz ou virar as costas para ela, ou deixar de extrair dela a virtude divina que ela contém.
A árvore, seja ela uma palmeira ou cedro, ou oliveira, nunca poderá ser independente de suas raízes, por mais que o seu crescimento seja imponente e por mais abundantes que sejam os seus frutos. O prédio, seja ele um palácio ou um templo, jamais pode ser separado de seu alicerce, por mais espaçosa ou adornada que seja a sua estrutura. Da mesma forma, o redimido não pode ser independente da cruz ou deixar de se beneficiar de sua plenitude.
De que forma o nosso olhar para a cruz nos beneficiará na vida futura, o que a sombra do madeiro fará por nós no reino eterno  eu não sei, nem me atreveria a dizer. Mas parece que é como se a cruz e a glória estivessem tão inseparavelmente ligadas que não pode haver o desfrute de uma sem que haja lembrança da outra. A perfeição da obra sacrificial no Calvário será um assunto para contemplação e alegria eternas, mesmo muito tempo após todo pecado ter deixado de existir, de ter sido lavado de nosso ser para sempre, pela eficácia de sua purificação.
Será que esgotaremos a plenitude da cruz? Será que ela é um mero trampolim para algo além de si mesma? Será que não nos gloriaremos nela continuamente (conforme os apóstolos se gloriavam, não só pelas bênçãos do passado, mas também por causa das bênçãos presentes e eternas? O perdão do pecado é um fato, mas será que isso é tudo? A crucificação feita pelo mundo é outro; mas isso é tudo? Será que a cruz deve ser uma relíquia inútil, embora respeitável, como a serpente de bronze colocada no tabernáculo; para ser destruída, talvez em algum tempo futuro, e chamada de Neustã? (2Re 18.4) Ou ela não é mais apropriadamente semelhante à árvore da vida, que produz doze frutos, dando o seu fruto de mês em mês, às margens do rio celestial? Sua influência aqui na terra é transformadora, mas mesmo após a transformação ter sido concluída, e toda a igreja ter sido aperfeiçoada, não haverá um crescimento cada vez maior, uma aquisição de uma beleza ainda maior, uma transformação de glória em glória; e tudo isso em conexão com a cruz, por meio de uma visão eterna de suas maravilhas?
É dito sobre a nova Jerusalém: “O CORDEIRO é a sua lâmpada (Ap 21.23). O Cordeiro é apenas outro nome para o Cristo Crucificado: dessa forma, portanto, é a cruz que é a lâmpada da cidade santa; e com sua luz, os portões de pérolas, o muro de jaspe, as ruas de ouro, os fundamentos resplandecentes e o rio de cristal são todos iluminados. O brilho da cruz está em toda parte, penetrando em cada parte e está refletido em cada pedra preciosa; e por meio de seu resplendor peculiar, transporta os moradores da cidade de volta ao Gólgota, como sendo a origem de todo esse esplendor.
É a luz do Calvário que enche o céu dos céus. No entanto, não é uma luz religiosa ofuscada: porque a glória de Deus a ilumina (Ap 21.23); e a sua luz é “semelhante a uma pedra preciosíssima, como a pedra de jaspe, como o cristal resplandecente  e ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os alumia” (Ap 22.5). Sim, jamais esgotaremos a cruz e o sangue. Ainda que naquele lugar todas as coisas sejam purificadas e perfeitas em todos os sentidos, elas não serão usadas para inocentar a consciência ou justificar o ímpio.
É o símbolo tanto do Cristo morto quanto do ressurreto que encontramos em Apocalipse. “O Cordeiro como tendo sido morto” indica ambos. Mas a proeminência é dada ao primeiro. É o Cordeiro morto que tem o poder e a autoridade para abrir os selos; o que implica que foi como Aquele que carrega o pecado ou em Seu caráter sacrificial que Ele exerce esse direito; é em Sua obra consumada que esse direito se baseia; e foi por meio dela que ele foi adquirido. É como o Cordeiro que Ele é dotado de toda sabedoria e força — as “sete pontas e sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus (Ap 5.6); o Espírito Santo ou o Espírito da onisciência e da onipotência.
O Cordeiro é um de Seus títulos especiais e eternos; o nome pelo qual Ele é mais conhecido no céu. E, como tal, nós O obedecemos, honramos e adoramos; nunca nos permitindo perder de vista a cruz em meio às glórias do reino. Como tal, nós O seguimos e O seguiremos eternamente, conforme está escrito: “Estes são os que seguem O CORDEIRO para onde quer que vai” (Ap 14.4).
Trecho do livro “A Justiça Eterna” de Horatius Bonar, lançamento de dezembro de 2012, da Editora Fiel.

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